Na Presença da Ausência

16.00 

de Mahmoud Darwich,

Edição Flâneur
Tradução: Manuel Alberto Vieira
Ano: 2018
Páginas: 152
Imagem de Capa: Nabil Anani

Esgotado

Descrição

Esquivando-se ao espartilho da categorização, o presente livro não se deixa arrumar num lugar fixo. Nas palavras de Darwich, em entrevista concedida a Mohammad Shaheen, «[Na Presença da Ausência] não é poesia nem prosa. Não é autobiografia nem romance.» Transita entre géneros, mescla-os, manipula-os, e faz-se num edifício que desafia a própria noção de género, ancorado no desígnio primeiro de «celebração da estética da linguagem».

Do prefácio, Manuel Alberto Vieira

Volta a ser criança. Ensina-me a poesia. Ensina-me o ritmo do mar. Restitui às palavras a sua inocência primeira. Faz-me nascer de um grão de trigo, não de uma ferida. Faz-me nascer e devolve-me a um mundo anterior ao significado para que possa abraçar-te na erva. Ouves-me? A um mundo anterior ao significado. As árvores altas caminhavam connosco enquanto árvores, não enquanto significado. A lua despida rastejava connosco. Uma lua, não um prato argênteo. Volta a ser criança. Ensina-me a poesia. Ensina-me o ritmo do mar. Toma-me pela mão para que possamos atravessar juntos o abismo que separa a noite do dia. Juntos aprenderemos as primeiras palavras e construiremos um ninho secreto para o pardal, o nosso terceiro irmão. Volta a ser criança para que eu possa ver o meu rosto no teu espelho. Tu és tu? Eu sou eu? Ensina-me a poesia para que eu possa escrever-te uma elegia agora, agora, agora. Como tu ma escreves a mim!